
Rafael Bastos
Festival Margem Visual
Idealizado pelo grupo de pesquisadoras e artistas periféricas do Mó Coletivo, o evento enaltece a arte performática produzida nas periferias e contribui para descentralizar a cena artística do estado do Rio.

Chegou a hora de curtir o Festival Margem Visual! Idealizado pelo grupo de pesquisadoras e artistas periféricas Carolina Rodrigues, Laís Castro, Luana Aguiar, Mariana Maia e Mery Horta, do Mó Coletivo (@mo_coletivo) (que você já conheceu mais de perto aqui no Tem no Subúrbio), o Festival acontece de maneira remota de 18 a 22 de março (quinta a domingo), e vai contar com a presença de 20 artistas residentes nas periferias do estado do Rio de Janeiro (ou que tenham as regiões como tema de seus trabalhos), selecionados através de convocatória gratuita que teve mais de 100 inscritos.
Os trabalhos selecionados nas categorias Vídeo, Fotografia e Ao Vivo (realizado por transmissão em streaming pelo YouTube e Zoom para trabalhos que contenham nudez) serão exibidos nas redes sociais do Mó Coletivo e no site do Festival www.festivalmargemvisual.com.br. O 1º Festival Margem Visual foi um projeto contemplado pelo edital #FomentaFestivalRJ - Apoio a Festivais Regionais da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro.
“Estes artistas já estão aí trabalhando e produzindo há anos, nós só pretendemos fomentar esse encontro e ampliar sua visibilidade. A qualidade está muito alta, o que prova que artistas de periferia têm a potência necessária para estar no mercado da arte contemporânea. E quando falamos mercado, falamos em pagamento pelo trabalho, em valorização da arte enquanto reconhecimento de que é feito por pessoas que passam a vida pesquisando, trabalhando em função disso”, destaca a artista visual Mery Horta, uma das curadoras do Festival.

Pagar o prêmio para os artistas selecionados é uma forma de inseri-los e fomentar sua presença no mercado de arte, além de inserir, ao mesmo tempo, o próprio Festival Margem Visual:
“Artistas também pagam contas e precisam sobreviver. A arte também é trabalho. Vamos mostrar que o que é produzido na periferia do Rio de Janeiro pode estar em qualquer museu ou galeria do mundo. Esta também é a importância de ser um festival online, mais acessível aos diversos públicos. Acreditamos que o Festival pode trazer mais reconhecimento à produção desses artistas. Neste momento de pandemia, as dificuldades financeiras se intensificam, na medida em que a maioria dos eventos de arte estão suspensos e espaços fechados”, reforça a performer e arte educadora Luana Aguiar.

Com a vivência de quem possui origem periférica, as integrantes do Coletivo sabem de cor os desafios que enfrentam os artistas locais:
“Todas nós trabalhamos paralelamente em outras funções para poder ter o sustento em nossas casas. A artista que vem de uma família onde é a primeira de todas as gerações a entrar na universidade, que precisa pegar um trem lotado para ir e voltar do trabalho nas áreas centrais da cidade, que precisa cozinhar no dia anterior para levar a marmita, que não tem o mesmo tom de pele dos colegas que estão expondo na mesma galeria. Estas e outras situações tornam a pessoa oriunda da periferia com uma visão e um agir diferentes no mundo. A nossa relação com o território e com a vida é outra, transitamos em diferentes mundos”, relata a historiadora Carolina Rodrigues.

Abarcar artistas da performance é outro ganho do Festival: “Como esta linguagem artística costuma ser desvalorizada, muitos artistas realizam de graça suas performances em exposições. Ter a possibilidade de dar um prêmio em dinheiro legítima duplamente a arte periférica e a arte da performance”, afirma a pesquisadora Mariana Maia, uma das responsáveis pela produção.
Entre as atrações do festival, estão a artista visual Mariana Maia (@marianamaiaato) com a vídeo performance "Trouxa de Ouro"; o artista visual especializado em foto colagens e performances Brenno de Sant'anna (@darkhorse_bb) com o trabalho "Vinhadinho"; as criadoras suburbanas e produtoras de moda Karoline Alves (@krln.alves) e Mallu Côrtes (@mallu_cortes) com editorial "Vida em Trânsito" (@vidaemtransitorj); e a vídeo performance "Aquilo que corre além das veias", da Mery Horta (@mery.horta). Uma série de lives com entrevistas que rolaram com esses artistas estão salvas no IGTV e no canal do youtube do Mó Coletivo.

“Acreditamos que o campo da arte, mais especificamente as artes performáticas, em toda sua amplitude, pode ser democrático e acessível a uma parcela maior da população. Investir nos artistas periféricos por meio do Festival, neste sentido, vem para criar um espaço na arte contemporânea, onde a performance periférica se torna vista e inteligível para todes”, encerra Laís Castro
Não deixe de conferir o 1º Festival Margem Visual!
Online em: www.festivalmargemvisual.com.br e youtube.com/MÓColetivo
Classificação indicativa: 18 anos
Programação completa:
Abertura do festival: 18/03 às 20h em youtube.com/MÓColetivo
- Fala de abertura de Carolina Rodrigues
- Transmissão de Videoperformances:
PROIBIDO NASCER DE NOVO de Luana Aguiar
REPERCUSSÃO de Laís Castro
TROUXA DE OURO de Mariana Maia
AQUILO QUE CORRE ALÉM DAS VEIAS de Mery Horta
De 19 a 22/3 - Performances ao vivo em youtube.com/MÓColetivo
19/03 às 20h
CORPO-MEMÓRIA EM MOVIMENTO de Natasha Pasquini
20/03 às 16h
DONA BENTA de Almeida da Silva
20/03 às 20h
SEDIMENTOS de Mayara Velozo
21/03 às 16h
FAXINA ARTÍSTICA de Silvia Schiavone
21/03 às 20h
REPERTÓRIO N.1 de Davi Pontes e Wallace Ferreira
22/03 às 16h
MANIFESTO NÃO SOMOS ASSASSINAS de Isabelle Rocha
A partir de 18/3 às 21h - fotos e videoperformances em www.festivalmargemvisual.com
VINHADINHO de Breno de Sant’ana
CAPUT de Leonardo Laureano e Renann Fontoura
PLANETA BANGU de Carlos Maia
AS DE OURO de Companhia As de Ouro
ONJILA de Dai Ramos
TÊM COISAS QUE SÓ ACONTECEM NO JAPERI de Isadora Aventureira
MARIMBA de Lírio em Rascunhos
VIDA EM TRÂNSITO de Mallu Côrtes e Karoline Alves
VULTUOSOS CORPOS DE MULHER de Nyandra Fernades
ESPORTE PARA GATAS de Patfudyda
QUEM TEM CORAGEM? de Pavuna Kid
ENLACE DE SOLITUDE de RAINHA F.
PAUSA SEM SILÊNCIO de Rick Xavier
ABSENTE de Vitória Albuquerque